sexta-feira, 9 de agosto de 2013

UMA HISTÓRIA DE GUERRA

Enviado por Raul Longo

Maria Rodrigues é uma amiga de Fortaleza/CE e essa história que distribuiu pela Internet é a confirmação de algo que se insere em uma das discussões que tenho com Karl Marx quanto à questão dos ópios do povo.
Entendo que intenções exclusivistas e interesses desumanos podem manipular tudo que de humano seja criado, tal o que fazem as igrejas com as religiões, sejam quais forem.
Pesquisando as origens do islamismo encontramos em Maomé um defensor das mulheres que, nascido órfão de pai, teve a mãe vendida aos beduínos pelo tio paterno ao qual, pelas leis de então, cabia esse direito.
Jovem, Maomé casou-se pela primeira vez com Cadija, viúva com cerca de 20 anos a mais de sua idade. Foi quem o influiu a aceitar as miragens que o atormentavam como mensagens divinas. Depois de viúvo foi obrigado pelas tradições e interesses tribais a comprometer-se com uma menina muito mais jovem com a qual só consumou o matrimônio anos depois, quando Aicha atingiu o início da juventude.
Aicha foi a responsável pelo desenvolvimento dos ensinamentos de Maomé em religião e seus biógrafos comprovam a autenticidade dos sentimentos de Maomé à Aicha pela defesa do profeta à segunda esposa quando condenada por suspeita de traição conjugal. Maomé não permitiu a execução de Aicha a pedradas, tradição ainda hoje mantida por alguns povos da região, inclusive fundamentalistas judeus, e que no Ocidente é confundida como lei islâmica.  
Aicha foi mantida como a principal esposa de Maomé até sua morte, mas como permitido pelas tradições semitas casou-se com 15 outras mulheres, viúvas de companheiros do profeta que dessa forma impediu que sofressem o mesmo destino de sua mãe.
A manutenção do patriarcalismo que impede a evolução feminina em determinadas nações islâmicas, sobretudo na Arábia Saudita, é uma manipulação da religião difundida por Maomé, assim como o cristianismo foi manipulado pelas igrejas católicas e protestantes contra as quais Marx se insurgia.
Melhor colocou Nietzsche ao reconhecer não ser a religião o que repugna, mas sim a hipocrisia das igrejas. Daí me identificar às religiões populares do Brasil, sobretudo as de origens indígenas e africanas onde não se desenvolvem processos catequéticos e de evangelização. E a adesão às suas crenças e ritos ocorre por espontaneidade.
Ao contrário daquelas onde Marx observou meios de alienação e impedimento de evolução de consciência comunal, essas religiões populares do Brasil não condicionadas a dogmas eclesiais, muitas vezes foram fatores de união e resistência contra os dominadores. E é provável que este seja o verdadeiro ou principal motivo do tão intolerante preconceito contra elas difundido pela Igreja Católica, em passado ainda recente, e, hoje, pelas seitas evangélicas.
Embora não interessado no futebol como a maioria dos brasileiros e mesmo conhecendo o histórico de suas origens quando utilizado para promover a rivalidade entre os operários das indústrias inglesas, não concordo com interpretações que a exemplo da analogia de Marx com as religiões também qualificam o futebol como ópio do povo.
Assim tentou utilizá-lo o ditador Garrastazu Médici e outros oportunistas como a Rede Globo e Galvão Bueno ou João Havelange e Ricardo Teixeira que manipulam o esporte como meio de enriquecimento, muitas vezes por vias ilícitas. Mas o fariam com qualquer outro interesse popular.
E esta história da Segunda Guerra Mundial enviada pela Maria Rodrigues demonstra que o futebol também pode ser um fator de resistência contra a prepotência e a desumanidade dos dominadores.
   

A EQUIPE DE FUTEBOL QUE PREFERIU MORRER A PERDER (Incrível!)



Marco Antônio Paiva Nogueira  

INCRÍVEL!   

A EQUIPE DE FUTEBOL QUE PREFERIU MORRER A PERDER










A história do futebol mundial tem milhares de episódios emocionantes e comovedores, mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dinamo de Kiev nos anos 40. Os jogadores jogaram um partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados e no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e honra, que não encontra, por seu dramatismo, outro caso similar no mundo. Para compreender sua decisão, é necessário conhecer como chegaram a jogar aquela decisiva partida, e por que uma simples partida de futebol apresentou para eles o momento crucial de suas vidas.
Tudo começou em 19 de setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (capital ucraniana) foi ocupada pelo exército nazista e os homens de Hitler aplicaram um regime de castigo impiedoso e arrasaram com tudo. A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazistas, e durante os meses seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra, que não tinham permissão para trabalhar nem viver nas casas, assim todos vagavam pelas ruas na mais absoluta indigência. Entre aqueles soldados doentes e desnutridos, estava Nikolai Trusevich, que tinha sido goleiro do Dinamo.










Kiev totalmente destruida
Josef Kordik, um padeiro alemão a quem os nazistas não perseguiam, precisamente por sua origem, era torcedor fanático do Dinamo. Num dia caminhava pela rua quando, surpreso, olhou um mendigo e de imediato reconheceu seu ídolo: o gigante goleiro Trusevich. Ainda que fosse ilegal, mediante artimanhas, o comerciante alemão enganou aos nazistas e contratou o goleiro para que trabalhasse em sua padaria. Sua ânsia por ajudá-lo foi valorizada por Trusevich que agradecia a possibilidade de se alimentar e dormir debaixo de um teto. Ao mesmo tempo, Kordik emocionava-se por ter feito amizade com a estrela de sua equipe.
Na convivência, as conversas sempre giravam em torno do futebol e do Dinamo, até que o padeiro teve uma idéia genial: pediu a Trusevich que em lugar de trabalhar como ele, amassando pães, se dedicasse a buscar o resto de seus colegas. Não só continuaria lhe pagando, senão que juntos podiam salvar os outros jogadores. O arqueiro percorreu o que restara da cidade devastada dia e noite, e entre feridos e mendigos foi descobrindo, um a um, a seus amigos do Dinamo. Kordik deu trabalho a todos, se esforçando para que ninguém descobrisse a manobra. Trusevich encontrou também alguns rivais do campeonato russo, três jogadores da Lokomotiv, e também os resgatou. Em poucas semanas, a padaria escondia entre seus empregados uma equipe completa.
O goleiro Trusevich
O goleiro Trusevich
Reunidos pelo padeiro, os jogadores não demoraram em dar o passo seguinte, e decidiram, alentados por seu protetor, voltar a jogar. Era, além de escapar dos nazistas, a única coisa que sabiam fazer bem. Muitos tinham perdido suas famílias nas mãos do exército de Hitler e o futebol era a última sombra mantida de suas vidas anteriores. Como o Dinamo estava enclausurado e proibido, deram um novo nome para aquela equipe. Assim nasceu o FC Start, que através de contatos alemães começou a desafiar a equipes de soldados inimigos e seleções formadas no III Reich.
Em sete de junho de 1942, jogaram sua primeira partida. Apesar de estarem famintos e cansados por terem trabalhado toda a noite, venceram por 7 x 2. O próximo adversário foi a equipe de uma guarnição húngara, ganharam de 6 x2. Depois meteram 11 gols numa equipa romena. A coisa ficou séria quando em 17 de julho enfrentaram uma equipe do exército alemão e golearam por 6 x 2. Muitos nazistas começaram a ficar chateados pela crescente fama do grupo de empregados da padaria e buscaram uma equipe melhor para ganhar deles. Trouxeram da Hungria o MSG com a missão de derrotá-los, mas o FC Start goleou mais uma vez por 5 x 1, e mais tarde, ganhou de 3 x 2 na revanche.

O cartaz da revanche
Em seis de agosto, convencidos de sua superioridade, os alemães prepararam uma equipe com membros da Luftwaffe, o Flakelf, que era uma grande time, utilizado como instrumento de propaganda de Hitler. Os nazistas tinham resolvido buscar o melhor rival possível para acabar com o FC Start, que já gozava de enorme popularidade entre o sofrido povo refém dos nazistas. A surpresa foi grande, porque apesar da violência e falta de esportividade dos alemães, o Start venceu por 5 a 1.
Depois dessa escandalosa queda do time de Hitler, os alemães descobriram a manobra do padeiro. Assim, de Berlim chegou uma ordem de acabar com todos eles, inclusive com o padeiro, mas os hierarcas nazistas locais não se contentaram com isso. Não queriam que a última imagem dos russos fosse uma vitória, porque acreditavam que se fossem simplesmente assassinados não fariam nada mais que perpetuar a derrota alemã. A superioridade da raça ariana, em particular no esporte, era uma obsessão para Hitler e os altos comandos. Por essa razão, antes de fuzilá-los, queriam derrotar o time em um jogo. Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a revanche para 9 de agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial da SS entrou no vestiário e disse em russo:
- “Vou ser o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado”, exigindo que eles fizessem a saudação nazista.













O time alemão









O time do Star
Já no campo, os jogadores do Start (camisas vermelha e calções brancos)  levantaram o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer: – “Heil Hitler!”, gritaram – “Fizculthura!”, uma expressão soviética que proclamava a cultura física. Os alemães (camisa branca e calção negro) marcaram o primeiro gol, mas o Start chegou ao intervalo   ganhando por 2 x 1. Receberam novas visitas ao vestiário, desta vez com armas e advertências claras e concretas:
- “Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo”,ameaçou um outro oficial da SS. Os jogadores ficaram com muito medo e até propuseram-se a não voltar para o segundo tempo. Mas pensaram em suas famílias, nos crimes que foram cometidos, na gente sofrida que nas arquibancadas gritava desesperadamente por eles e decidiram, sim, jogar.
Deram um verdadeiro baile nos nazistas. E no final da partida, quando ganhavam por 5 x 3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Deu lhe um drible deixando-o  estatelado no chão e ao ficar em frente a trave, quando todos esperavam o gol, deu meia volta e chutou a bola para o centro do campo. Foi um gesto de desprezo, de deboche, de superioridade total. O estádio veio abaixo.
Como toda Kiev poderia a vir falar da façanha, os nazistas deixaram que saíssem do campo como se nada tivesse ocorrido. Inclusive o Start jogou dias depois e goleou o Rukh por 8 x 0. Mas o final já estava traçado: depois dessa última partida, a Gestapo visitou a padaria. O primeiro a morrer torturado em frente a todos os outros foi Kordik, o padeiro. Os demais presos foram enviados para os campos de concentração de Siretz. Ali mataram brutalmente a Kuzmenko, Klimenko e o arqueiro Trusevich, que morreu vestido com a camiseta do FC Start. Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria naquele dia, foram os únicos que sobreviveram, escondidos, até a libertação de Kiev em novembro de 1943. O resto da equipe foi torturada até a morte.
Ainda hoje, os possuidores de entradas daquela partida têm direito a um assento gratuito no estádio do Dinamo de Kiev. Nas escadarias do clube, custodiado em forma permanente, conserva-se atualmente um monumento que saúda e recorda àqueles heróis do FC Start, os indomáveis prisioneiros de guerra do Exército Vermelho aos quais ninguém pode derrotar durante uma dezena de históricas partidas, entre 1941 e 1942. Foram na maioria, mortos entre torturas e fuzilamentos, mas há uma lembrança, uma fotografia que, para os torcedores do Dinamo, vale mais que todas as jóias em conjunto do Kremlin. Ali figuram os nomes dos jogadores. (foto acima)

Goncharenko e Sviridovsky, únicos sobreviventes, junto ao monumento de homenagem ao time
Na Ucrânia, os jogadores do FC Start hoje são heróis da pátria e seu exemplo de coragem é ensinado nos colégios. No estádio Zenit uma placa diz “Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista”.
(Meu agradecimento especial ao amigo Rodrigo Borges, de Uberaba(MG) que me completou essa história)    

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