segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Boletim diário de conjuntura - FPA


 
Justiça Suíça revela que Alston pagou propina a políticos paulistasNa esteira dos escândalos da Siemens, que admitiu a formação de cartel em licitações do Metro Paulista com a anuência e eventual participação ativa de políticos tucanos, a justiça Suíça revelou que a empresa francesa Alston pagou propinas para políticos do estado de São Paulo (governado pelo PSDB) com o objetivo de vencer licitações. As investigações suíças apontam que a propina abasteceu o cofre de partidos políticos, indicando a existência de “evidências claras de suborno” e de uma “tabela oficial” de propinas pagas a autoridades públicas brasileiras. Michel Cabane, colaborador do esquema, afirmou que “a Alston e a Cegelec (subsidiária da Alston) estavam trabalhando juntas para organizar uma cadeia de pagamentos para tomadores de decisão no Brasil”. O ex-diretor financeiro da Cegelec admitiu, inclusive, a criação de uma empresa (Alcalasser) cujo objetivo único era o pagamento de propinas para políticos.
Comentário: As revelações de escândalos de corrupção no Metro e no governo paulista envolvendo aAlston e outras empresas não é exatamente uma novidade, dado que o esquema já havia sido denunciado anteriormente. As novas revelações e as apurações do Cade e da justiça Suíça apenas confirmam as suspeitas iniciais, apontando nomes e dando forma ao esquema de corrupção. Mais que isso, as novas declarações do caso Alston indicam a existência de um esquema de desvio de dinheiro público com o objetivo de financiamento partidário, envolvendo os principais nomes do PSDB. Caso as acusações se confirmem, o impacto político de ambos os casos (Alston e Siemens) pode afetar diretamente o desempenho tucano nas eleições de 2014.
Inflação para classes mais baixas cai e utilização da capacidade instalada industrial sobe:A inflação para as classes mais baixas, de menor poder aquisitivo, apresentou queda de 0,29% em julho, segundo o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1) divulgado pela FGV. O índice, que mede a inflação para famílias com renda de até 2,5 salários mínimos, apresenta alta de 2,74% no ano e 5,84% nos últimos 12 meses, números inferiores ao IPCA do período. O destaque da deflação no mês de julho foi a queda nos preços dos transportes (-1,54%), alimentação (-0,54%) e vestuário (-1,04%). Já no campo industrial, a utilização da capacidade instalada se elevou no primeiro semestre de 2013, alcançando o índice de 82,16% de ocupação, contra 81,35% no mesmo período de 2012. O aumento da utilização da capacidade instalada aponta à perspectiva de elevação dos investimentos, já que as empresas estariam se aproximando de seu limite de produção com as plantas atuais.
Comentário: O debate sobre a inflação e o crescimento econômico será o alvo central da disputa política nos próximos meses, podendo influenciar diretamente as expectativas dos empresários e consumidores. Com a inflação em queda desde fevereiro, parte dos analistas financeiros já projeta para este ano um IPCA abaixo do registrado em 2012, no entanto alguns ainda apostam num repique da inflação no segundo semestre, devido à desvalorização cambial. Já no campo do crescimento, começa a se formar um consenso de que o segundo trimestre do ano irá registrar um crescimento acima do verificado no primeiro trimestre (0,6%), podendo chegar até 1%. No entanto, diversos analistas apostam em resultados negativos no terceiro e quarto trimestres do ano, o que indicaria um crescimento anual próximo a 2%. Estas análises se fundamentam basicamente na queda da confiança dos empresários e consumidores, que eles mesmos ajudam a alimentar com suas apostas evidentemente pessimistas, criando um cenário de uma profecia autorrealizável. O governo, por sua vez, aposta no sucesso dos leilões de concessão (de infraestrutura e petróleo) para ganhar de volta a confiança dos agentes econômicos, acelerando o investimento e garantindo um ritmo de crescimento elevado no segundo semestre de 2013.
Análise: Guilherme Mello, Economista

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