quinta-feira, 16 de maio de 2013

O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA e O GRASNAR DAS AVESTRUZES



Por Raul Longo


Na verdade nem sei qual seja o som que a ave emita, mas optei pelo grasnar por outro dia ter comparado o cérebro de alguns de meus correspondentes ao usar meu programa de correio para reproduzir o ruído dos corvos da mídia, aos intestinos dos avestruzes.
Como se sabe quem reproduz qualquer besteira decorada é o papagaio. Mas papagaio reproduz sons humanos e embora virtualmente trabalhe com pessoas a mídia é uma máquina de transformar pessoas em animais sem sentido humano.
Toda ave tem aparelho digestório de efeito imediato: come aqui e defeca ali com a maior presteza. Mas nenhuma tanto quanto o avestruz e nem mesmo os intestinos do avestruz é tão presto quanto o cérebro, se assim se o pode chamar, desses correspondentes.
Tudo o que engolem da mídia imediatamente defecam na minha caixa de correio.
Quem alguma vez por um momento se deixou observando um galinheiro saberá que jamais acontece de uma penosa filosofar sobre os próprios dejetos: “Que caca que fiz! Doravante terei mais cuidado porque se ficar engolindo lesmas, isso aqui ficará insuportável!”
Essa possibilidade não existe!
Algumas aves são espertas, inteligentes. Com o tempo aprendem alguma coisa. Mas esses meus correspondentes nunca! Apenas engolem e defecam.
É uma espécie de bulimia cerebral: o que ouvem ou leem pela mídia imediatamente vomitam em minha caixa de correio, lambrecando tudo.
Dou-lhes nos dedos, claro! Afinal tenho mais o que fazer do que ficar limpando sujeira criada pela mídia para o defecar desses acéfalos, mas não tem jeito: a bulimia deles além de compulsiva é totalmente inconsciente. Babam-se e não se limpam. Um nojo!
Mas não dá para negar que apesar dessa inconsciência, eles conseguem ser seletivos. Adoram qualquer porcaria, mas preferem as piores. Da Folha de São Paulo, por exemplo, escolhem a Eliane Catanhede, o Clóvis Rossi, ou qualquer outra sujeira de idêntico mau cheiro. Nunca enviam algo razoável ou menos pútrido.
Embora não leia jornal algum, até desconfio que o Rossi anda se recompondo ou pelo menos conseguiu interromper a acelerada putrefação que o tornava um dos acepipes preferidos desses correspondentes. Como já não me o enviam há algum tempo, tenho razões para imaginar que o colunista conseguiu parar de enterrar a cabeça para não enxergar a realidade, como dizem fazer os avestruzes.
Nunca acreditei nisso e desconfio ser folclore. De pernas longas e fortes, para que um avestruz haveria de perder tempo enterrando a cabeça a se esconder do que considere ameaça, se muito mais rápido e eficiente seria correr e fugir?
Isso de enfiar a cabeça num buraco é coisa de gente que tem vergonha de si mesma, mas prefere não enxergar o que acontece para fazer de conta não ter sido quem espalhou titica ao reproduzir o grasnar da mídia.
A já conhecida como AP do Mentirão é um exemplo desse comportamento. Enquanto a 470 julgava o suposto Mensalão do PT, foi um estardalhaço. Cada um queria trepar no mais alto do poleiro para anunciar o ovo que Roberto Jefferson botou no aperto, como se o deputado cassado houvesse expelido um estranho no ninho montado em palhas de uma lei eleitoral hipócrita que tão bem afofou as poedeiras de todos os partidos ao longo da história política do Brasil. Inclusive do próprio Jefferson e demais acusadores.
Só porque a predileção avícola da mídia é pelos tucanos, circunscrevesse o ovo daquela ave ao estado de Minas Gerais. Mentira por omissão e meus correspondentes tampouco o citam, apesar dos idênticos valores operados. Mesmas quireras pelos mesmos cochos, apenas em viveiro menor e, ainda assim, silêncio de avestruz com a cabeça enterrada!
Quando Ideli Salvati, do PT, apoiou a instalação do estaleiro de Eike Batista em Florianópolis, ou agora que Tarso Genro apoia acordo com a indústria bélica sionista, vou pra cima e não me reclamem de fogo amigo, pois não sou amigo de sigla. Sou amigo de quem não é inimigo da minha gente.
Como esses correspondentes não tem gente e por serem solitários são covardes, agora que a AP 470 se torna a AP do Mentirão quero ver qual fará alguma consideração sobre o amontoado de besteiras que me enviou. Sei que não acontecerá, mas gostaria de poder me orgulhar de ao menos um que reconheça ter escolhido errado seu super-herói ao imaginar como dono da verdade o mesmo Joaquim Barbosa que agora se comprova mentiroso a ponto citar a presença de um morto em encontro que jura ter ocorrido.
Morto em desastre de avião não dá nem para dizer que se fez de morto. Quem se faz de morto é o Joaquim Barbosa e esses meus correspondentes que espalham titica no meu programa de correio e depois sequer pedem desculpas. Sendo que quando reclamam por uma afirmação que resultou de minha má informação, me retrato com cada um como recentemente fiz pela distribuição de um comentário de uma terceira pessoa induzida ao erro por uma imagem mal explicada de um ato do Papa Bento XVI. Quando um sacerdote católico explicou a realidade da situação a repassei a esses correspondentes demonstrando os motivos da intepretação errônea à qual corroborei.
Nunca fui imitado por nenhum desses que já me enviaram até cópias de documentos que se evidenciaram ou foram admitidos como falsos pelos mesmos que os produziram. Enganam e são enganados com a mesma passividade, com a mesma absoluta ausência de vergonha na cara. 
Será falta de caráter? Cheguei a imaginar isso, mas na insistência em continuar me enviando as mesmas incapacidades de raciocínio mínimo e elementar, observo algo que deveria preocupar a seus familiares, pois denotam um nível de autismo mais alto do que o natural aos portadores dessa deficiência que geralmente se revelam muito proficientes em alguns aspectos.
Em que aspecto pode ser proficiente ou útil a si mesmo um idiota que utiliza do último resquício de inteligência humana que lhe resta para procurar e escolher o que de pior, de mais mentiroso e falso consiga encontrar nessa grande indústria de mentiras e falsidades que é a mídia?
Será algum tipo de tara? Um desvio psiquiátrico?
Nunca consegui entender qual o prazer, a satisfação ou o que possa sentir aquele moleque que distribui vírus para detonar com o computador de pessoas que ele sequer conhece. Os que distribuem os tais vírus espiões para coletar dados que usarão para extorquir ou se apropriar de algo alheio, são tão explicáveis quanto os profissionais da mídia que têm algum ganho pessoal com o que fazem.
Mas o que ganham esses que distribuem qualquer mentira que ouvem ou recebem pela internet? Tento comparar com a brincadeira do apertar a campainha e sair correndo que fazia quando moleque, no entanto percebo ser bem pior do que minhas molecagens de criança, pois então nem imaginava a possibilidade de um tombo na fuga, um ralar de joelho.
Os defecadores da mídia, os transmissores de mentiras, será que nunca imaginaram a possibilidade de prejudicarem a eles mesmos? Como se fossem hackers que jamais se preocupassem em instalar um programa antivírus no próprio computador?
Quantos, incapazes de rebater meus argumentos, já não partiram para agressões pessoais me acusando disso ou daquilo sem sequer me conhecer. Já se afirmou de tudo: que fui beneficiado pelo mensalão, que o governo me paga para atacar a mídia, que nunca saio de Brasília para conhecer a realidade brasileira, etc.
Apesar de ter vivido na maioria das capitais brasileiras, nunca morei em Brasília. Nunca fui filiado a partido algum. Não recebo nem aposentadoria. E afora aqueles que já no início do governo Lula reconheceram as evidências dos bons resultados para eles mesmos; nenhum dos demais que fazem de conta não perceber que são menos ameaçados pela violência social do que há uma década atrás ou que suas condições de aquisição de comodidades pessoais aumentaram muito, continuam me enviando o que catam aqui e ali de qualquer um, em maioria desconhecidos ou anônimos. Quando não encontram nada, tentam atualizar acusações e críticas anacrônicas quando não totalmente improváveis ou há muito desmentidas.
Joaquim Barbosa mentiu por engano, por desleixo, por intenção ou por ter sido comprado. Mas esses correspondentes não se enganam jamais! Têm plena convicção do que defecam por só reproduzirem o que diz a mídia ou eliminar o produzido nos espasmos de congestões cerebrais provocadas por seus incontroláveis preconceitos.
Fico imaginando que nunca sentem de dor de cabeça, mas em compensação sofram terríveis cólicas cerebrais.
Lembrando que tirante os felinos que enterram os próprios dejetos, não há avestruz nesse mundo que reconsidere a própria titica e já que gato não é ave, prevejo que no caso da AP do Mentirão a esses correspondentes só restará mais uma vez esconder a cabeça para fazer de conta de que desconhecem o ridículo das suas bundas expostas nas janelas da internet.
E assim continuarão emporcalhando minha caixa de correio como se não tivessem nada a ver com isso, insistindo em seus grasnares como qualquer frangote orgulhoso de seu primo canto. Por isso me antecipo aproveitando para lembrar que Galeto ao Primo Canto é um prato famoso da Serra Gaúcha.
Como sei que a maioria desses correspondentes tem dificuldade de leitura e perdem o interesse num primeiro parágrafo de texto que aborde alguma verdade, da mesma forma que fiz no texto anterior destacarei de início alguns dos dados que Elio Gaspari utilizou na matéria publicada pela Folha de São Paulo deste domingo.
Aos que falta caráter sei que não servirá de nada, mas talvez ajude aos analfabetos funcionais.
Bolsa Família beneficiou 50 milhões de brasileiros que vivem em 13,8 milhões de domicílios com renda inferior a R$ 140 mensais por pessoa.
Nesse período, 1,69 milhão de famílias dispensaram espontaneamente o benefício de pelo menos R$ 31 mensais.
DE CADA 100 FAMÍLIAS AMPARADAS, 12 FORAM À PREFEITURA E INFORMARAM QUE NÃO PRECISAVAM MAIS DO DINHEIRO.
ISSO NUMA TERRA ONDE ESTIMA-SE QUE A SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS CHEGUE A R$ 261 BILHÕES, OU 9% DO PIB.
O BOLSA FAMÍLIA CUSTA R$ 21 BILHÕES, OU 0,49% DO PRODUTO INTERNO.
Política de cotas universitárias - a evasão dos cotistas é inferior à dos não cotistas
TANCREDO NEVES: “NOSSO PROGRESSO POLÍTICO DEVEU-SE MAIS À FORÇA REIVINDICADORA DOS HOMENS DO POVO DO QUE À CONSCIÊNCIA DAS ELITES. ELAS, QUASE SEMPRE, FORAM EMPURRADAS".
San Tiago Dantas: "a Índia tem uma grande elite e um povo de bosta, o Brasil tem um grande povo e uma elite de bosta"
Elio Gaspari
Brava gente, a brasileira
Dados do Bolsa Família e da política de cotas ensinam o andar de cima a olhar direito para o de baixo
Atribui-se ao professor San Tiago Dantas (1911-1964) uma frase segundo a qual "a Índia tem uma grande elite e um povo de bosta, o Brasil tem um grande povo e uma elite de bosta". Nas últimas semanas divulgaram-se duas estatísticas que ilustram o qualificativo que ele deu ao seu povo.
A primeira, revelada pelo repórter Demétrio Weber: Em uma década, o programa Bolsa Família beneficiou 50 milhões de brasileiros que vivem em 13,8 milhões de domicílios com renda inferior a R$ 140 mensais por pessoa. Nesse período, 1,69 milhão de famílias dispensaram espontaneamente o benefício de pelo menos R$ 31 mensais. Isso aconteceu porque passaram a ganhar mais, porque diminuiu o número da familiares, ou sabe-se lá por qual motivo. O fato é que de cada 100 famílias amparadas, 12 foram à prefeitura e informaram que não precisavam mais do dinheiro.
A ideia segundo a qual pobre quer moleza deriva de uma má opinião que se tem dele. É a demofobia. Quando o andar de cima vai ao BNDES pegar dinheiro a juros camaradas, estimula o progresso. Quando o de baixo vai ao varejão comprar forno de micro-ondas a juros de mercado, estimula a inadimplência.
Há fraudes no Bolsa Família? Sem dúvida, mas 12% de devoluções voluntárias de cheques da Viúva é um índice capaz de lustrar qualquer sociedade. Isso numa terra onde estima-se que a sonegação de impostos chegue a R$ 261 bilhões, ou 9% do PIB. O Bolsa Família custa R$ 21 bilhões, ou 0,49% do produto interno.
A segunda estatística foi revelada pela repórter Érica Fraga: um estudo dos pesquisadores Fábio Waltenberg e Márcia de Carvalho, da Universidade Federal Fluminense, mostrou que num universo de 168 mil alunos que concluíram treze cursos em 2008, as notas dos jovens beneficiados pela política de cotas ficaram, na média, 10% abaixo daquelas obtidas pelos não cotistas. Ou seja, o não cotista terminou o curso com 6 e o outro, com 5,4. Atire a primeira pedra quem acha que seu filho fracassou porque foi aprovado com uma nota 10% inferior à da média da turma. Olhando-se para o desempenho de 2008 de todos os alunos de quatro cursos de engenharia de grandes universidades públicas, encontra-se uma variação de 8% entre a primeira e a quarta.
Para uma política demonizada como um fator de diluição do mérito no ensino universitário, esse resultado comprova seu êxito. Sobretudo porque dava-se de barato que muitos cotistas sequer conseguiriam se diplomar. Pior: abandonariam os cursos. Outra pesquisa apurou que a evasão dos cotistas é inferior à dos não cotistas. Segundo o MEC, nos números do desempenho de 2011, não existe diferença estatística na evasão e a distância do desempenho caiu para 3%. Nesse caso, um jovem diplomou-se com 6 e o outro, com 5,7, mas deixa pra lá.
As cotas estimulariam o ódio racial. Dez anos depois, ele continua onde sempre esteve. Assim como a abolição da escravatura levaria os negros ao ócio e ao vício, o Bolsa Família levaria os pobres à vadiagem e à dependência. Não aconteceu nem uma coisa nem outra.
Admita-se que a frase atribuída a San Tiago Dantas seja apócrifa. Em 1985, Tancredo Neves morreu sem fazer seu memorável discurso de posse. Vale lembrá-lo: "Nosso progresso político deveu-se mais à força reivindicadora dos homens do povo do que à consciência das elites. Elas, quase sempre, foram empurradas".

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