quarta-feira, 24 de abril de 2013

1º CURSO NACIONAL DE COMUNICAÇÃO DO BARÃO


1º CURSO NACIONAL DE COMUNICAÇÃO DO BARÃO

De 8 a 12 de maio o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promove o 1º Curso Nacional de Comunicação para Comunicadores. O objetivo de curso é promover debates e oficinas práticas que contribuam para a capacitação de jornalistas, blogueiros, ativistas digitais e comunicadores sociais, no sentido de fortalecer a mídia comunitária, sindical e alternativa.
De 8 a 12 de maio o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promove o 1º Curso Nacional de Comunicação para Comunicadores. O objetivo de curso é promover debates e oficinas práticas que contribuam para a capacitação de jornalistas, blogueiros, ativistas digitais e comunicadores sociais, no sentido de fortalecer a mídia comunitária, sindical e alternativa.

O curso acontecerá em São Paulo, no Leques Brasil Hotel (Rua São Joaquim, 216, Metrô São Joaquim, São Paulo).
As vagas são limitadas (120) e para participar os interessados (entidades e/ou indivíduos) devem fazer sua inscrição através do formulário digital ou enviando um e-mail para contato@baraodeitarare.org.br.
As inscrições se encerram em 30 de abril. Há duas taxas diferenciadas de inscrição: para os participantes que não precisam de hospedagem (neste caso o valor é de R$ 300,00 e inclui refeição e logística), e para os participantes que precisam de hospedagem (neste caso o valor é de R$ 800,00 para hospedagem em quarto duplo; quatro diárias no hotel).
A realização do 1º Curso Nacional de Comunicação do Barão de Itararé conta com o apoio de várias entidades e organizações. Veja lista completa dos apoiadores ao final.
Para maiores informações ou esclarecimento de dúvidas entrar em contato pelo telefone (11) 3159-1585.
Para pagamento de sua inscrição, basta efetuar depósito bancário e enviar comprovante paracontato@baraodeitarare.org.br ou fax (11 3054-1848). Segue, abaixo, os dados para a realização do pagamento:
Banco do Brasil
Agência 4300-1
Conta Corrente 50142-5
Veja abaixo a programação

08 DE MAIO, QUARTA-FEIRA

18 horas – Abertura: objetivos e dinâmica do evento
19 horas: debate: A arte da comunicação- Paulo Henrique Amorim – blog Conversa Afiada;
- Maria Inês Nassif - jornalista;
- Leandro Fortes – revista CartaCapital;

09 DE MAIO, QUINTA-FEIRA

BLOCO I - “A FORÇA DA INTERNET”

9 horas – O papel da blogosfera– Rodrigo Vianna (blog Escrevinhador);
11 horas – TVWEB e a sedução do vídeo– Luiz Carlos Azenha (blog Viomundo);
15 horas – Como montar a radioWEB– Oswaldo Colibri (Rádio Brasil Atual) e Vivian Fernandes (Rádio Agência NP);
17 horas – Os segredos das redes sociais– Conceição Oliveira (blog Maria Frô);

10 DE MAIO, SEXTA-FEIRA

BLOCO II – “RÁDIO E TV COMUNITÁRIAS E PÚBLICAS”

9 horas – Como organizar uma rádio comunitária (aspectos legais e práticos)– José Soter (coordenador da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias - Abraço)
- José Eduardo Souza (Rádio Cantareira);
11 horas – Como fortalecer as TVs comunitárias- Paulo Miranda (presidente da Associação Brasileira de Canais Comunitários - Abcom) [*]
- Pedro Pozenato (TV comunitária de Caxias do Sul);
15 horas – O papel da TV Pública- Nelson Breve (presidente da Empresa Brasil de Comunicação) [*]
- Laurindo Lalo Leal (jornalista);
17 horas – Experiências das tevês não comerciais- Valter Sanchez (presidente da TV dos Trabalhadores)
- Beto Almeida (conselho da Telesur);
20 horas – Festa de três anos de aniversário do Centro de Estudos Barão de Itararé.

11 DE MAIO, SÁBADO

BLOCO III – “OUTRAS MÍDIAS”

9 horas – Planejamento do trabalho de comunicação- Clomar Porto (assessor do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul);
11 horas – Instrumentos e linguagens- Vito Giannotti (Núcleo Piratininga de Comunicação)
- João Franzin (Agência Sindical);
15 horas – Trabalho em grupos – Troca de experiências e desafios
17 horas – A luta pela democratização da comunicação- Rosane Bertotti – coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC);
- Luiza Erundina - coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão (Frentecom) [*]
- Altamiro Borges – coordenador do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé.

12 DE MAIO, DOMINGO

9 horas – Exposição do vídeo sobre a luta contra o trabalho escravo no McDonald’s.
10 horas – Plenária final – avaliação e próximos passos
[*] A confirmar.
APOIADORES
- Central Única dos Trabalhadores (CUT);
- Força Sindical;
- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB);
- União Geral dos Trabalhadores (UGT);
- Federação Única dos Petroleiros (FUP);
- Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU);
- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE);
- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee);
- Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários);
- Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema);
- Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Minas Gerias (Saaemg)

- Fundação Perseu Abramo;
- Fundação Maurício Grabois;
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST);
- União Nacional dos Estudantes (UNE);
- Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap);
- TV dos Trabalhadores (TVT);
- Agência Sindical;

quarta-feira, 10 de abril de 2013

RODRIGO: OS FILHOS DO DR ROBERTO. OS DONOS DO BV

Publicado em 05/04/2013


O que seria deles sem o BV das estatais da SECOM ?

Conversa Afiada reproduz artigo do Rodrigo Vianna:

JOÃO, IRINEU E JOSÉ: OS DONOS DO BV




por Rodrigo Vianna

Chega de falar apenas em Roberto Marinho (morto há dez anos) e Ali Kamel (capataz dos patrões). A Globo tem 3 donos: João Roberto, Roberto Irineu e José Roberto. Eles mandam, Eles botam dinheiro no bolso. Eles interditam o debate.

É hora de espalhar a foto dos tres, e dizer ao povo brasileiro: eles ficaram bilionários, graças ao monopolio da informação – que concentra verbas e verbo. Precisamos colocar os três no centro do debate.  Eles precisam rolar na lama da comunicação em que fazem o Brasil chafurdar. 

Dilma acha importante reduzir juros. E está certíssima. Mas Dilma acha que não é hora de falar em ”Democratização da Mídia”. E aí Dilma erra feio. Os monopólios da mídia, construídos ao arrepio do que diz a Constituição, e na base de BV – Bônus de Volume  (veja texto abaixo publicado por PH Amorim), impedem um debate correto sobre redução dos juros. Parceiros dos bancos, os monopólios da mídia não querem juros baixo. Querem travar o Brasil. E constroem a fortuna bilionária de João, Irineu e José.

Na foto acima, eles aparecem (João, Irineu e José – da esquerda para a direita), com semblante de felicidade contida. Na época, o papai deles (ao centro da foto) ainda mandava. O patriarca fez a fortuna graças à parceria estabelecida com a ditadura militar. Roberto era apenas um milionário. Os filhos são bilionários, segundo a última lista da Forbes. Graças (também) ao BV. Graças ao monopólio.

Passamos anos na blogosfera dizendo que “ninguém sabe quem são os filhos de Roberto Marinho”. Está na hora de saber. Pra eles, é ótima essa situação. Discretos, poderosos, bilionários. Mas e para o Brasil?

Os três porquinhos da comunicação  são os donos do BV. Os três mandam processar quem critica a Globo. Hora de botar a carinha dos três pra circular. Eles sao inimigos da Democracia.

Está na hora – também – de questionar no STF a legalidade do BV. Joaquim Barbosa usou o BV para construir a tese de “corrupção” no julgamento do “Mensalão”. O BV serve pra condenar petistas. Mas o BV da Globo é intocável? Mais que isso: é ético que agências de publicidade recebam esse dinheiro – espécie de propina oficializada pelo mercado? 

Se você não sabe direito o que é o tal BV, calma! Quase ninguém sabe. O BV é um segredo que constrói fortunas. E constrói o poder da Globo. Poder que trava a Democracia, trava  debate sobre juros, e permite que o capataz de João, José e Irineu use uma concessão pública para praticar um jornalismo de bolinhas de papel.

Leia abaixo a entrevista de um conhecido publicitário escocês que explica a PH Amorim o que é o BV…


===
(extraído do Conversa Afiada

-É a bonificação por volume, essa propina que o Brasil legalizou, o BV.

-Explica isso ao nosso leigo navegante, Mestre, por favor.

-Leigo navegante, é assim. Quanto mais uma agência de publicidade programar a Globo, mais bônus, grana, ela tem. Você sabia que o BV da Globo é o maior item do faturamento das QUARENTA maiores agências de publicidade do país ?

-Que horror !, Mestre. Que horror ! Ou seja, independente da vontade do cliente, a agência vai lá e põe anúncio na Globo para ter bônus.

-Por aí, meu filho. Mas, o diabólico não é isso.

-É que a Globo transformou isso em lei.

-Mais diabólico, ainda.

-O que, Mestre ?

-É que a Globo ANTECIPA o pagamento do BV.

-E daí, Grande Mestre ?

-A agência recebe em janeiro por conta do que ela vai programar na Globo em dezembro.

-É que a Globo é generosa.

-Não, meu filho, é que a Globo prende a agência num cabresto. Obriga a agência a programar a Globo para cumprir a meta e receber o bônus inteiro. Entendeu ?

-É a cenoura. Para obrigar a agência a correr atrás da verba, pelo dinheiro que JÁ recebeu.

-Você é esperto, meu filho.

-Sim, Mestre, mas isso a Globo conseguiu aprovar no Congresso.

-Mas o Supremo rasgou a Lei …

-Sim, disso eu me lembro. Para encanar o Pizollatto e o Dirceu, o Supremo decidiu que o BV da Visanet era do Banco do Brasil e, não, das agências do Marcos Valeriodantas.

-Exatamente ! E isso rasga a Lei ?

-É claro ! O Supremo rasgou tudo para condenar o Dirceu. Por que não iria rasgar o BV ?

-Porque o BV do Pizolatto não é o BV da Globo, Mestre… É óbvio, desculpe.

-Sorry, meu filho. Você não alcançou a dimensão da questão.

-Qual a dimensão, caro Mestre ?

-Um dia, um tresloucado parlamentar, um Procurador ou um blogueiro sujo …

-Você sabe aí na Escócia da existência de blogueiros sujos …

- Meu filho, quem não lê o Azenha ?

- A Dilma por exemplo, ela não lê…

- Lê, meu filho. Lê e não conta … (Clique aqui para ler “Dilma perdeu boa oportunidade de defender o Azenha. Kamel celebra !!!”)

- Bom, vamos lá … Um dia, um blogueiro sujo … o que que é que tem ?

- Um dia um blogueiro sujo entra na Justiça com uma ação de prevaricação, de improbidade contra a SECOM por não recolher ao Banco do Brasil, à Petrobrás, à Caixa e ao Governo Federal o BV que, hoje, fica com a Globo e as agências que nela programaram.

- E o Banco do Brasil, a Caixa, o Governo Federal, a Petrobrás, esse pessoal programa mesmo é a Globo.

- Eles adoram a Globo ! Ouvem o plim-plim e abanam o rabim …

- Mestre, o senhor já foi melhor do que isso.

- Desculpe, mauvais moment …

- Bom, Mestre, se o Globope não medir certo a audiência e se o BV do Banco do Brasil tiver que ser do Banco do Brasil … o Governo Federal, que é um grande anunciante, está jogando o dinheiro do contribuinte no lixo.

- No lixo, não, meu filho, na Globo ! Não é exatamente a mesma coisa.

- É por isso que o senhor diz que o BV é mais importante do que a Ley de Medios.

- You got it, baby !

- Xiii, isso pode dar uma confusão …

- Confusão, não, meu filho. Pode dar cana … Olha o Pizollatto …

Pano rápido.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A história inabalável: Editorial do jornal “O Globo” de 2 de abril de 1964, celebrou o Golpe Militar.


Leia a seguir, na íntegra, o posicionamento histórico e irreparável do jornal da família Marinho durante o processo que removeu, à força, um governo democraticamente eleito e instaurou uma ditadura militar no Brasil. Na foto abaixo, a capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar.
 
Editorial de “O Globo” do dia 02 de abril de 1964
“Ressurge a Democracia”
 
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
 
editorial globo golpe militar 1964
Capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar. (Reprodução)
 
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”

Processos da Globo calam o Viomundo


Do Viomundo

Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa


por Luiz Carlos Azenha

Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.
Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.

Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.

Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.

Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.

Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.

Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.

No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.

Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.

Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.

Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.

Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.

Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.

Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.

E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.

Eu os vejo por aí.

PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.

PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.