quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Stéphane Hessel: “Os bancos estão contra a democracia”

Em entrevista a Eduardo Febbro, da Página/12, Stéphane Hessel, autor da obra “Indignem-se”, critica o ultra liberalismo predador, a servidão da classe política ao sistema financeiro, a anexação da política pela tecnocracia financeira, as indústrias que destroem o planeta e a ocupação israelita da Palestina.
Stéphane Hessel. Aos 94 anos, depois de lutar na Resistência, sobreviver aos campos nazistas e escrever a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Stéphane Hessel publicou um livrinho de 32 páginas - "Indignem-se".
Aos 94 anos, depois de lutar na Resistência, sobreviver aos campos nazistas e escrever a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Stéphane Hessel publicou um livrinho de 32 páginas, "Indignem-se", que teve eco global.

A revolta não tem idade nem condição. Nos seus afáveis, lúcidos e combativos 94 anos, Stéphane Hessel encarna um momento único na história política humana: ter conseguido desencadear um movimento mundial de contestação democrática e cidadã com um livro de escassas 32 páginas: "Indignem-se". O livro foi lançado na França em outubro de 2010 e em março de 2011 converteu-se no alicerce do movimento espanhol dos indignados. 
O quase um século de vida de Stéphane Hessel conectou-se primeiro com a juventude espanhola que ocupou a Puerta del Sol e depois com os demais protagonistas da indignação que se tornou planetária: Paris, Londres, Roma, México, Bruxelas, Nova York, Washington, Tel-Aviv, Nova Déli, São Paulo. Em cada canto do mundo e sob diferentes denominações, a mensagem de Hessel encontrou um eco inimaginável.
O seu livro, entretanto, não contém nenhum discurso ideológico, menos ainda algum chamado à excitação revolucionária. Indignem-se é, ao mesmo tempo, um convite a tomar consciência sobre a forma calamitosa em que estamos sendo governados, uma restauração nobre e humanista dos valores fundamentais da democracia, um balde de água fria sobre a adormecida consciência dos europeus convertidos em consumidores obedientes e uma dura defesa do papel do Estado como regulador. Não deve existir na história editorial um livro tão curto com um alcance tão extenso.
Quem olhe a mobilização mundial dos indignados pode pensar que Hessel escreveu uma espécie de panfleto revolucionário, mas nada é mais estranho a essa ideia. "Indignem-se" e os indignados inscrevem-se numa corrente totalmente contrária à que se desenvolveu nas revoltas de Maio de 68. Aquela geração estava contra o Estado. Ao contrário, o livro de Hessel e seus adeptos reivindicam o retorno do Estado, de sua capacidade de regular. Nada reflete melhor esse objetivo que um dos slogans mais famosos que surgiram na Puerta del Sol: “Nós não somos anti-sistema, o sistema é anti-nós”.
Na sua casa de Paris, Hessel fala com uma convicção na qual a juventude e a energia explodem em cada frase. Hessel tem uma história pessoal digna de uma novela e é um homem de dois séculos. Diplomata humanista, membro da Resistência contra a ocupação nazi durante a Segunda Guerra Mundial, sobrevivente de vários campos de concentração, ativo protagonista da redação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, descendente da luta contra essas duas grandes calamidades do século XX que foram o fascismo e o comunismo soviético. O nascente século XXI fez dele um influente ensaísta.
Quando o seu livro saiu em França, as línguas afiadas do sistema liberal desceram sobre ele um aluvião de burlas: “o vovozinho Hessel”, o “Papai Noel das boas consciências”, diziam no rádio e na televisão as marionetes para desqualificá-lo. Muitos intelectuais franceses disseram que essa obra era um catálogo de banalidades, criticaram o seu aparente simplismo, a sua superficialidade filosófica, acusaram-no de idiota e de anti-semita. Até o primeiro-ministro francês, François Fillon, desqualificou a obra dizendo que “a indignação em si não é um modo de pensamento”. Mas o livro seguiu outro caminho. Mais de dois milhões de exemplares vendidos na França, meio milhão na Espanha, traduções em dezenas de países e difusão massiva na Internet.
O ultra liberalismo predador, a corrupção, a impunidade, a servidão da classe política ao sistema financeiro, a anexação da política pela tecnocracia financeira, as indústrias que destroem o planeta, a ocupação israelita da Palestina, em suma, os grandes devastadores do planeta e das sociedades humanas encontraram nas palavras de Hessel um inimigo inesperado, um “argumentário” de enunciados básicos, profundamente humanista e de uma eficácia imediata. Sem outra armadura além de um passado político de social-democrata reformista e um livro de 32 páginas, Hessel opôs ao pensamento liberal consumista e ao consenso um dos antídotos que eles mais temem, ou seja, a ação.
Não se trata de uma obra de reflexão política ou filosófica, mas de uma radiografia da desarticulação dos Estados, de um chamado à ação para que o Estado e a democracia voltem a ser o que foram. O livro de Hessel articula-se em torno da ação, que é precisamente ao que conduz à indignação: resposta e ação contra uma situação, contra o outro. O que Hessel qualifica como mon petit livre é uma obra curiosa: não há nenhuma novidade nela, mas tudo o que diz é uma espécie de síntese do que a maior parte do planeta pensa e sente cada manhã quando se levanta: exasperação e indignação.
– Você foi, de alguma maneira, o homem do ano. O seu livro foi um sucesso mundial e acabou por se converter no foco do movimento planetário dos indignados. Houve, de facto, duas revoluções quase simultâneas no mundo, uma nos países árabes e a que você desencadeou em escala planetária.
– Nunca previ que o livro tivesse um êxito semelhante. Ao escrevê-lo, pensei nos compatriotas para lhes dizer que o atual modo de governação propõe interrogações e que era preciso indignar-se diante dos problemas mal solucionados. Mas não esperava que o livro fosse lançado em mais de quarenta países nos quatro pontos cardeais. Mas eu não me atribuo nenhuma responsabilidade no movimento mundial dos indignados. Foi uma coincidência que o meu livro tenha aparecido no mesmo momento em que a indignação se expandia pelo mundo. Eu só convidei as pessoas a refletirem sobre o que elas acham inaceitável. Acho que a circulação tão ampla do livro se deve ao facto de vivermos um momento muito particular da história de nossas sociedades e, em particular, desta sociedade global na qual estamos imersos há dez anos. Hoje vivemos em sociedades interdependentes, interconectadas. Isto muda a perspectiva. Os problemas com que estamos confrontados são mundiais.
–As reações que o seu livro desencadeou provam que existe sempre uma pureza moral intacta na humanidade?
O que permanece intacto são os valores da democracia. Depois da Segunda Guerra Mundial resolvemos problemas fundamentais dos valores humanos. Já sabemos quais são esses valores fundamentais que devemos tratar de preservar. Mas quando isto deixa de ter vigência, quando há rupturas na forma de resolver os problemas, como ocorreu após os atentados de 11 de setembro, da guerra no Afeganistão e no Iraque e a crise económica e financeira dos últimos quatro anos, tomamos consciência de que as coisas não podem continuar assim. Devemos nos indignar e nos comprometer para que a sociedade mundial adote um novo curso.
– Quem é responsável de todo este desastre? O liberalismo ultrajante, a tecnocracia, a cegueira das elites?
– Os governos, em particular os governos democráticos, sofreram uma pressão por parte das forças do mercado à qual não souberam resistir. Essas forças económicas e financeiras são muito egoístas, só procuram o benefício em todas as formas possíveis sem levar em conta o impacto que essa busca desenfreada do lucro tem nas sociedades. Não lhes importa nem a dívida dos governos, nem os ganhos medíocres das pessoas. Eu atribuo a responsabilidade de tudo isto às forças financeiras. O seu egoísmo e a sua especulação exacerbada são também responsáveis pela deterioração do nosso planeta. As forças que estão por trás do petróleo, da energia não-renovável nos conduzem a uma direção muito perigosa. 
O socialismo democrático teve o seu momento de glória depois da Segunda Guerra Mundial. Durante muitos anos tivemos o que se chama Estados de providência. Isto derivou numa boa fórmula para regular as relações entre os cidadãos e o Estado. Mas depois distanciámo-nos desse caminho sob a influência da ideologia neoliberal. Milton Friedman e a Escola de Chicago disseram: “deixem a economia com as mãos livres, não deixem que o Estado intervenha”. Foi um caminho equivocado e hoje damo-nos conta de que optámos por um caminho sem saída. O que aconteceu na Grécia, Itália, Portugal e Espanha prova-nos que não é dando cada vez mais força ao mercado que se chega a uma solução. Não. Essa tarefa compete aos governos, são eles que devem impor regras aos bancos e às forças financeiras para limitar a sobre exploração das riquezas que eles detêm e a acumulação de benefícios imensos enquanto os Estados se endividam. Devemos reconhecer que os bancos estão contra a democracia. Isso não é aceitável.
– É chocante comprovar a indiferença da classe política ante a revolta dos indignados. Os dirigentes de Paris, Londres, Estados Unidos, em suma, ali onde estourou este movimento, omitiram-se diante das reivindicações dos indignados.
– Sim, é verdade. Por enquanto subestimou-se a força desta revolta e desta indignação. Os dirigentes disseram uns aos outros: isto nós já vimos antes, em maio de 68, etc., etc. Acho que os governos equivocaram-se. Mas o facto de os cidadãos protestarem contra o modelo de governação algo muito novo e essa novidade não se deterá. Predigo que os governos ver-se-ão cada vez mais pressionados pelos protestos contra o modelo de governação. Os governos empenham-se em manter o sistema intacto. Entretanto, o questionamento coletivo do funcionamento do sistema nunca foi tão forte como agora. Na Europa atravessamos um momento muito denso de questionamento, tal como aconteceu antes na América Latina. Eu estou muito orgulhoso pela forma como a Argentina soube superar a gravidade da crise. Isto prova que é possível atuar e que os cidadãos são capazes de mudar o curso das coisas.
–  De alguma maneira, você acendeu a chama de uma espécie de revolução democrática. Entretanto, não convocou uma revolução. Qual é então o caminho para romper o cerco no qual vivemos? Qual é a base do renascimento de um mundo mais justo?
– Devemos transmitir duas coisas às novas gerações: a confiança na possibilidade de melhorar as coisas. As novas gerações não devem perder a esperança. Em segundo lugar, devemos fazê-los tomar consciência de tudo o que se está a fazer atualmente e que está no sentido correto. Penso no Brasil, por exemplo, onde houve muitos progressos, penso na presidenta Cristina Fernández de Kirchner, que também fez as coisas progredirem muito, penso também em tudo o que se realiza no campo da economia social e solidária em tantos e tantos países. Em tudo isto há novas perspectivas para encarar a educação, os problemas da desigualdade, os problemas ligados à água. Muitas pessoas trabalham muito e não devemos subestimar os seus esforços, inclusive se o que se consegue é pouco por causa da pressão do mundo financeiro. São etapas necessárias. 
Acho que, cada vez mais, os cidadãos e as cidadãs do mundo entendem que o seu papel pode ser mais decisivo na hora de fazer entender aos governos que são responsáveis pela vigência dos grandes valores, que esses mesmos governos estão deixando de lado. Há um risco implícito: que os governos autoritários acabem por usar a violência para calar as revoltas. Mas acho que isso já não é mais possível. A forma pela qual os tunisinos e os egípcios se livraram dos seus governos autoritários mostra duas coisas: primeiro, que é possível; segundo, que com esses governos não se progride. O progresso só é possível se for aprofundada a democracia. Nos últimos 20 anos a América Latina progrediu muitíssimo graças ao aprofundamento da democracia. 
Em escala mundial, mesmo com as coisas que se conseguiram, mesmo com os avanços que se obtiveram com a economia social e solidária, tudo isto é extremamente lento. A indignação justifica-se nisso: os esforços realizados são insuficientes, os governos foram débeis e até os partidos políticos da esquerda sucumbiram ante a ideologia neoliberal. Por isso devemo-nos indignar. Se os meios de comunicação, se os cidadãos e as organizações de defesa dos direitos humanos forem suficientemente potentes para exercer uma pressão sobre os governos as coisas podem começar a mudar amanhã.
– Pode-se mudar o mundo sem revoluções violentas? 
Se olharmos para o passado, veremos que os caminhos não violentos foram mais eficazes que os violentos. O espírito revolucionário que empolgou o começo do século XX, a revolução soviética, por exemplo, conduziu ao fracasso. Homens como o checo Vaclav Havel, Nelson Mandela ou Mijail Gorbachov demonstraram que, sem violência, podem obter-se modificações profundas. A revolução cidadã a que assistimos hoje pode servir essa causa. Reconheço que o poder mata, mas esse mesmo poder desaparece quando a força não violenta ganha. As revoluções árabes demonstraram-nos  a validade disto: não foi a violência quem fez cair os regimes de Túnis e do Egipto. Não, nada disso. Foi a determinação não violenta das pessoas.
– Em que momento acha que o mundo se desviou de sua rota e perdeu a sua base democrática?
– O momento mais grave situa-se nos atentados de 11 de setembro de 2001. A queda das torres de Manhattan desencadeou uma reação do presidente dos EUA George W. Bush extremamente prejudicial: a guerra no Afeganistão, por exemplo, foi um episódio no qual se cometeram horrores espantosos. As consequências para a economia mundial foram igualmente muito duras. Foram gastas somas consideráveis em armas e na guerra em vez de colocá-las à disposição do progresso económico e social.
– Você marca com muita profundidade um dos problemas que permanecem abertos como uma ferida na consciência do mundo: o conflito entre Israel e a Pelestina.
– Este conflito dura há 60 anos e ainda não se encontrou a maneira de reconciliar estes dois povos. Quando se vai à Palestina voltamos traumatizados pela forma como os israelitas maltratam os seus vizinhos. A Palestina tem direito a um Estado. Mas também tem que reconhecer que, ano após ano, presenciamos como aumenta o grupo de países que estão contra o governo israelita, face à sua incapacidade de encontrar uma solução. Pudemos constatar isso com a quantidade de países que apoiaram o presidente palestiniano Mahmud Abbas, quando pediu, diante das Nações Unidas, que a Palestina seja reconhecida como um Estado de pleno direito no seio da ONU.
– O seu livro, as suas entrevistas e até mesmo este diálogo demonstram que, apesar do desastre, você não perdeu a esperança na aventura humana.
Não, pelo contrário. Acho que diante das gravíssimas crises que atravessamos, de repente o ser humano acorda. Isso aconteceu muitas vezes ao longo dos séculos e desejo que volte a ocorrer agora.
– “Indignação” é hoje uma palavra-chave. Quando você escreveu o livro, foi essa palavra a que o guiou?
A palavra indignação surgiu como uma definição do que se pode esperar das pessoas quando abrem os olhos e vêem o inaceitável. Podemos adormecer um ser humano, mas não matá-lo. Em nós há uma capacidade de generosidade, de ação positiva e construtiva que pode despertar quando assistimos a violação dos valores. A palavra “dignidade” figura dentro da palavra “indignidade”. A dignidade humana desperta quando é encurralada. O liberalismo bem que tentou anestesiar essas duas capacidades humanas - a dignidade e a indignação -, mas não conseguiu.

Tradução: Libório Júnior

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Síntese da MIDIA IMPRESSA


STF/poder CNJFolha chama assunto emSupremo reduz poder do CNJ de investigar juízes, Estado noticiaLiminar do STF esvazia pode do CNJ para investigar juízes, Correio trazJudiciário: STF reduz os poderes do CNJe O Globo, com análise, diz queLiminar do STF torna mais difícil a punição de juízes. Valor internamente diz queSupremo limita poderes do CNJ para punir juízes. Assunto comum dos jornais trata sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, de conceder liminar que reduz o poder do Conselho Nacional de Justiça, órgão de controle do Judiciário. O Globo destaca que depois de entrar na pauta do STF 13 vezes e não ser julgada, a ação movida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) enfim teve uma decisão. Estado diz quedevassana folha de pagamentos do Tribunal de Justiça feita pelo CNJ pode ter precipitado a decisão da liminar. A decisão foi tomada ontem na última sessão do STF neste ano, às vésperas do recesso do Judiciário e tem caráter liminar, ou seja, precisa ser referendada pelo plenário do Supremo em fevereiro. Até lá, em questões disciplinares, o CNJ não poderá tomar a iniciativa de fiscalizar, investigar ou punir juízes antes que os tribunais em que eles atuam nos Estados tomem a iniciativa. Ao justificar a decisão, o ministro Marco Aurélio alegou que o conselho não tem poderes para "atropelar o autogoverno dos tribunais". De acordo com o Globo, a medida enfraquece o Conselho, que vinha investigando casos de corrupção na magistratura sem a necessidade de aguardar uma decisão do tribunal local. Na liminar, o ministro salientou que o CNJ pode revisar casos julgados por corregedorias nos últimos 12 meses. "O Conselho Nacional de Justiça pode (...) fixar as hipóteses em que reverá, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros dos tribunais julgados menos de um ano", escreveu. A medida surpreendeu a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, que disse que não vai se manifestar até que a decisão chegue ao plenário do STF. A Advocacia Geral da União (AGU) anunciou que recorrerá da decisão, em defesa do CNJ.
Orçamento/reajustes – Estado anuncia na capa que Orçamento de 2012 não prevê reajustes. Folha acompanha. O relatório final do Orçamento de 2012 apresentado ontem pelo relator, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), não prevê o reajuste de servidores públicos (dentre eles, os do Judiciário) nem o aumento maior do que a inflação para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo. A posição de Chinaglia está em sintonia com a da presidente Dilma Rousseff, que manifestou que não é hora de conceder reajustes. Com o aval do Planalto, a votação do Orçamento na Câmara deve acontecer ainda nesta semana em plenário. Estado diz que apesar das pressões por aumento de gastos em ano eleitoral, o relatório não cedeu às pressões e os parlamentares temem que um adiamento possa prejudicar a execução de obras em ano eleitoral. Editorial do Globo “as pressões descabidas por mais gastos” elogia posição da presidente Dilma Rousseff de não ceder a pressões por aumento de salários. Globo em matéria diz que “Dilma cobra Orçamento equilibrado”. Folha em outra notícia diz que “Em 3 dias, governo reserva 14% das verbas de investimento do ano todo”.
Vazamento de óleo/ Marinha abre inquéritoO Globo traz noticia na capa de que a Marinha abriu ontem inquérito administrativo contra a empresa Modec para apurar as causas do vazamento de óleo combustível na Baia da Ilha Grande, na região de Costa Verde do Rio. O combustível vazou do navio-plataforma, na última sexta-feira, que estava a caminho do estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, onde seria reformado e trasnformado em plataforma para depois operar no pré-sal da Bacia de Campos. O prazo para conclusão do inquérito é de 90 dias. A Marinha ainda deverá emitir multa, que poderá variar de mil reais a R$50 milhões, contra a empresa devido à poluição causada pelo óleo que vazou do navio-plataforma. O navio estava a serviço da Petrobras. A secretaria estadual do Ambiente afirmou que, além do óleo derramado no mar, a empresa Modec violou tratados internacionais de navegação e a norma marítima brasileira. Segundo o secretário Carlos Minc, a troca de água de lastro do navio, que deveria ter sido feita em alto-mar, acabou ocorrendo na Baía da Ilha Grande. A Marinha, em nota oficial, divulgada no último sábado, também citou o ‘deslastro’. O procedimento é considerado proibido porque, junto com a água, os navios acabam despejando espécies exóticas, que causam prejuízo à biodiversidade local”. O responsável pela Modec na Bacia de Santos, André Cordeiro, nega que a operação tenha ocorrido na Baía da Ilha Grande e diz ter documentos e registros para comprovar. As causas do acidente ainda são desconhecidas. Várias investigações estão ocorrendo paralelamente, comandadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e pela Modec, que ontem fez um novo sobrevoo à região. Representantes de Inea, Ibama e Marinha passaram a tarde de ontem reunidos, em Angra dos Reis. Paralela à investigação, o Centro de Pesquisa da Petrobras, o Cenpes, está analisando o óleo que foi recolhido na Praia do Bonfim e que, supostamente, seria resquício do acidente da Modec. O laudo também não está pronto.
FED/mais rigor - Manchete do Brasil Econômico diz que o Banco Central Americano quer enquadrar com regras mais rígidas o setor financeiro no país e aproximá-la das regras do Acordo da Basileia. O comitê de Basileia, que define diretrizes internacionais para os bancos, quer mais transparência nos balanços das instituições e o Federal Reserve (FED) estuda adequar o setor local às normas traçadas na Suíça. Na Europa, Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse que 2012 será "um ano difícil para os bancos". “Um fato, um rumor e uma análise” foram o suficiente para desabar a cotação das ações dos bancos em bolsas. As ações do Bank of America caíram ontem a US$ 5, o menor patamar desde março de 2009. O BofA já perdeu 60% de valor de mercado só este ano. A situação é um exemplo claro da pressão a que as instituições financeiras estão submetidas e da avaliação pessimista dos investidores e economistas sobre o futuro do setor. As ações do Citigroup, JP Morgan, Morgan Stanley e Goldman Sachs também despencaram. Os analistas de mercado trabalham com a previsão de que o Fed defina ainda esta semana regras de capital e liquidez mais restritivas para as instituições financeiras com ativos acima de US$ 50 bilhões. Em comunicado ao mercado, o FED afirmou que a abertura das reservas de capital, com cada instrumento em carteira, bem como taxas e prazos, podem minimizar o risco das instituições e as culpas posteriores a falhas de administradores. A proposta está aberta à consulta pública até 17 de fevereiro, quando o comitê avaliará os comentários das instituições e decidirá sobre novas regras.
Greve/aeroportuários – Folha e Estado noticiam na capa que Funcionários e pilotos ameaçam parar na quinta. Globo dizNatal pode ter greve nos aeroportos. Jornais reportam que os trabalhadores do setor aéreo notificaram o Tribunal Superior do Trabalho que entrarão de greve a partir das 23h de quinta-feira, após terminar sem acordo entre patrões e empregados do setor aéreo a reunião de conciliação no Tribunal. A categoria pretende manter apenas 20% do efetivo trabalhando. Os empresários do setor não cederam em sua proposta, de reajuste de 6,17% referente ao INPC dos últimos 12 meses. Aeronautas e aeroviários continuaram recusando a oferta, defendendo aumento mínimo de 7%. A reivindicação inicial era de reajuste entre 10% e 14%. A Advocacia-Geral da União (AGU), que acompanha as negociações, vai pedir ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que entre com um pedido de arbitragem no TST para impor limites à greve no setor aéreo, a fim de evitar "uma situação caótica nesse momento de festividades.
Coreia do Norte - Folha e Estado trazem fotos na capa e noticiam que morte do ditador norte-coreano gera tensão. A morte do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, anunciada ontem, elevou a tensão na Ásia e criou um clima de incerteza sobre um dos regimes mais fechados do mundo e que dispõe de arsenal nuclear. Valor diz que o regime norte-coreano nomeou o inexperiente filho mais novo do ditador como o "Grande Sucessor", o que sacudiu os mercados financeiros no sul. Com menos de 30 anos, Kim Jong-eun tem o desafio de administrar uma empobrecida população de 25 milhões de habitantes, conduzir negociações com os Estados Unidos e com a vizinha Coreia do Sul.
Forças Armadas – Anúncio de que Dilma quer aparelhar Forças Armadas é assunto de três jornais (Globo, Correio e Brasil Econômico). A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem o aparelhamento e a qualificação das Forças Armadas. Segundo ela, são fundamentais para o desenvolvimento do país. A afirmação, feita no Palácio do Planalto, durante discurso na apresentação de oficiais generais recém-promovidos, foi repetida em seguida em almoço de confraternização no Clube da Aeronáutica de Brasília. A plateia, formada por militares e familiares, recebeu a mensagem como uma resposta a um recente relatório encaminhado ao Planalto pelo Ministério da Defesa evidenciando o sucateamento da área. De acordo com Dilma, esse investimento é fundamental para diminuir as vulnerabilidades e para que o país possa assumir no cenário internacional a posição que pretende. “Uma política de defesa assertiva é necessária ao desenvolvimento econômico e também a uma política externa soberana”.

Caixa/ fraudes - Folha afirma que as transações da corretora Tetto feitas após suposta pane de informática na Caixa podem lesar em R$ 100 milhões o FGTS. O sistema que atesta a qualidade dos títulos ficou dois anos fora do ar, e papéis da dívida pública de baixo valor foram vendidos com preços acima do mercado. Jornal diz que revelou anteontem que a Tetto vendeu, como se não tivessem dívidas, papéis da dívida pública de baixo ou nenhum valor. O caso surge em meio a uma disputa entre PT e PMDB pelo controle da Caixa. De acordo com o jornal, quando a informação voltou a funcionar, os compradores tinham papéis que valiam ao todo R$ 1 bilhão a menos. E agora a União, que os garantia, pode ser acionada na Justiça para pagar a conta. A Caixa reconheceu ter havido um "erro", que atribuiu a uma empresa terceirizada, mas alegou que a Tetto vendeu "gato por lebre". Em outra matéria, Folha diz que revelação de fraude na Caixa alimenta discussão dentro da base aliada de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
 
Servidora TRT presa – Correio noticia na capa que a servidora cedida do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Márcia de Fátima Pereira e Silva Vieira, foi detida ontem em sua casa no Park Way, em Brasília. Ela é investigada pela Operação Perfídia, da Polícia Federal, de ter desviado pelo menos R$ 5,5 milhões de depósitos judiciais. O marido, a mãe e o irmão de Márcia de Fátima também estão na cadeia acusados de integrar a quadrilha. Mais 13 pessoas são suspeitas de participar do golpe, revelado pelo Correio. Com ordens judiciais falsas, Márcia ordenava que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal depositassem os valores pagos em contas que ela indicava. Os bens de todos os presos foram bloqueados, entre eles a mansão em que Márcia morava, avaliada em R$ 2,7 milhões.

MPF/Fifa Correio diz que o Ministério Público Federal (MPF) concordou com a proposta da Federação Internacional de Futebol (Fifa) de venda casada de ingressos da Copa de 2014 com passagens aéreas e hospedagem. De acordo com o MPF, a proposta não deve ser considerada ilegal. A venda casada é condenada por representantes de entidades que atuam na área do Direito do Consumidor. O tema é mais uma das polêmicas que fazem parte do projeto de Lei Geral da Copa que tramita atualmente na Câmara. Apesar da urgência, o projeto só deverá ser votado no início do próximo ano, após o recesso parlamentar.

Gilberto Kassab - Em entrevista a Folha de S. Paulo, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, falou sobre as eleições municipais de 2012 e diz que só vê dois candidatos viáveis para manter a aliança entre PSDB e PSD: José Serra e Guilherme Afif Domingos. Kassab afirmou que o PSD vai apoiar o governo da presidente Dilma Rousseff quando necessário, mas é categórico ao dizer que recusará um ministério caso lhe seja oferecido na reforma. Além disso, Kassab deixou claro que para selar o acordo entre PSDB e PSD, apoiará o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para a reeleição em 2014.

Haddad/ problemas de São Paulo – Em entrevista à rádio Estadão ESPN e à TV Estadão, o ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, deixou mais claro ontem como pretende polarizar a eleição do próximo ano com o campo tucano-kassabista e com quais armas vai atacar a administração do prefeito Gilberto Kassab (PSD). Haddad criticou a gestão do transporte e da educação na capital e disparou até contra o governo estadual ao tratar do ritmo de construção do metrô e a cessão de leitos do SUS aos planos de saúde, mas poupou críticas diretas ao prefeito Gilberto Kassab, com quem o PT conversa para formar alianças em cidades do interior e em outros Estados.

Mercadante/Educação - Folha diz que educadores temem Mercadante no Ministério da Educação. Dirigentes da educação básica veem com apreensão o nome de Aloizio Mercadante para o MEC, entretanto, Aloizio tem boa receptividade entre reitores de universidades federais, que têm bom diálogo com ele em sua atual função de ministro da Ciência e Tecnologia. É justamente por isso que lideranças do setor e a secretários de Educação receiam, que Mercadante dê mais atenção e prioridade a temas relacionados ao ensino superior, justamente por vir da pasta de Ciência e Tecnologia, em detrimento dos investimentos no ensino básico.

Jader Barbalho - Globo afirma que o ministro do STF, Joaquim Barbosa, reclamou decisão do presidente da Corte, Cezar Peluso, de votar duas vezes para garantir o mandato de Jader Barbalho (PMDB-PA) no Senado. Para Barbosa, a solução para desempate, prevista no regimento interno do STF, é inconstitucional. Apesar de ter obtido votos para ser eleito em 2010, ele tinha sido barrado pela Lei da Ficha Limpa. O julgamento do recurso de Jader terminou empatado. Os ministros decidiram esperar a posse da ministra Rosa Maria Weber [empossada ontem] para resolver o impasse, entretanto, na semana passada, Peluso mudou de ideia e votou pela segunda vez.

Mercosul – O Mercosul vai ampliar hoje a lista de produtos que poderão ser alvo de medidas protecionistas, a pedido da Argentina. Além das listas de exceções já existentes, um outro mecanismo deverá ser criado, permitindo a aplicação da alíquota máxima da Tarifa Externa Comum (TEC) para uma nova série de produtos, desde que em caráter temporário. A lista de produtos agravados deverá chegar a 200, conforme proposta da Argentina. O Brasil, inicialmente, sugeriu uma lista menor, com cem itens.
Ferrovias/mineiração – Manchete do Valor afirma que a América Latina Logística (ALL), uma das maiores ferrovias do continente, aliou-se aos grupos Triunfo Participações e Investimentos (TPI) e Vetorial Mineração para criara Vetria Mineração, que vai extrair, transportar e comercializar minério de ferro do Maciço do Urucum, em Corumbá (MS). São estimados R$ 7,6 bilhões em investimentos até 2016. A Vetria surge como uma mina operacional com capacidade para negociar 27,5 milhões de toneladas por ano e terá garantido por contrato de longo prazo o escoamento ferroviário da produção até Santos, além da exportação por um terminal portuário próprio.